Sessões Bootleg vol. 2 - RECREAÇÕES NA LAGOA ESCURA E NA AREIA BRANCA (GCSA 58) | Afluentes Ensemble

Sessões Bootleg vol. 2 - RECREAÇÕES NA LAGOA ESCURA E NA AREIA BRANCA (GCSA 58)

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	1.	Recreação 26:22		buy track
	2.	Lagoa Escura, Areia Branca 33:05		buy track

about

ALBUM-VIDEO: www.youtube.com/watch?v=oS2ghOsgu-o

Lançamento em parceria com o selo Musital: musital.bandcamp.com/album/sess-es-bootleg-volume-2

O segundo volume dessas Sessões Bootleg abarca duas sessões de dois ensaios com o grupo, que foram o segundo (feito em 10 de janeiro de 2023) e o terceiro (em 18 de janeiro de 2023). Houve mudanças na formação, entre um ensaio e outro, o que acabou também determinando algumas mudanças de dinâmica entre o grupo.

Sobre "Reencontro", presente no 2o ensaio;
"E eis que a primeira corda de minha guitarra partiu ao tentar posicioná-la na ponte e reafiná-la. Daí, sugeri ao pessoal que improvisássemos algum som, e Fernando coroou o momento dizendo que entrássemos num momento recreativo, ao qual concordei. E essa “Recreação” foi criada por nós quatro, agora com Maurício em plena atividade nas teclas do piano elétrico (ainda no timbre de vibrafone); Yrlan transitando entre o saxofone tenor, o baixolão de Maurício, a percussão das congas e, convidado por Maurício, o piano a quatro mãos com ele; seguimos eu e Fernando em nossos respectivos instrumentos. Como de costume comigo mesmo, me autodesafiei a tocar nesta afinação estranha que criei, a Abaeté (B A E A Bb E), agora, desta vez, sem a primeira corda (B A E A Bb *). Investi mais em licks, alguns riffs, usando tanto slide quando acordes formados pela pestana. Preferi não pesquisar por acordes, mas, sim, por texturas ou frases melódicas possíveis de serem engendradas na disposição intervalar dessa afinação. Maurício teve uma atuação bastante fluida; tive por vezes a sensação de ouvir um vibrafone do Modern Jazz Quartet, e outras um piano elétrico tal qual tocado por Hermeto Pascoal. Fernando percebeu tanto a capacidade de beats jazzísticos, quanto roqueiros, especialmente na interação com minha guitarra. Yrlan, então, começou sua improvisação no sax tenor lembrando de mencionar “O Mar” de Caymmi, mas sendo um contraponto à minha guitarra um tanto jazz-roqueira. As harmonias criadas por Maurício foram meio que lançadas ao éter diante do volume em que o restante de nós estávamos interagindo; talvez o volume limitado do piano não o ajudou quanto deveria. Entretanto, a criatividade do grupo estava realmente solta, endiabrada; Yrlan atreveu-se a tocar o baixolão ruidoso de Maurício e criou o momento mais punk e noise de toda nossa “Recreação”, o que foi muito salutar. Ao migrar para as congas da sala, Yrlan enriqueceu a percussividade latina, ao que foi respondida por Fernando e por mim de modo a liberássemos uma quase salsa-rock, à maneira de um Santana. Houve um dado momento em que notei que Maurício quis que Yrlan viesse até ele, e fiz com que a mensagem de Maurício fosse atendida; daí, resolvi silenciar para ouvir o piano elétrico a quatro mãos tocado pelos dois rapazes. Aí, surgiu o momento mais deliberadamente salsa-jazz e de harmonização livremente desconstruída. Eu interagi com o caxixi, somado à percussividade forte de Fernando. Ao voltar à guitarra, firmei o retorno ao Nordeste em resposta à harmonia do piano a quatro mãos de Maurício e Yrlan. E terminamos de maneira fantasticamente abstrata, fiel ao espírito lúdico a que nos propomos desde o princípio. Foi a nossa criação coletiva mais inteiriça, de real proatividade. Fernando teve uma atuação bastante especial e inventiva na manutenção de tal atmosfera."

E sobre "Lagoa Escura, Areia Branca", no terceiro ensaio:
"Maurício chegou ao ensaio quando eu já estava começando a explicar o conceito inicial que tive da peça: a partir de um gráfico com cinco seções, criar uma improvisação coletiva. Quis imbuir o grupo de ideias mais abstratas para a interpretação desse gráfico – sem pensar em tonalidade ou rítmica determinada. Não pude implementar a audição do tape eletrônico criado a partir desse gráfico no programa Virtual ANS, no entanto. Talvez, a grande mancada nesse primeiro ensaio foi não ter imprimido esse gráfico para cada um dos integrantes, mas procurei explicar as atitudes gestuais. A partir desse preâmbulo explanatório meu, cada integrante do grupo foi pensando em novas ideias: Maurício foi quem mais se preocupou em ensinar a canção original de Caymmi à Eufrásia, que tratou de usar o celular e a internet para aprendê-la; Fernando foi assertivo em considerar que poderíamos reaproveitar trechos melódicos dela de modo a recriá-la ou citá-la no contexto de música a ser criado – ideia de que gostei e emendei dizendo, “A gente vai desconstruir essa canção”. (Houve um dado momento em que Eufrásia pôs a canção original a tocar ao microfone – consideramos que poderíamos até sampleá-la.) “Lagoa Escura, Areia Branca” começou a tomar forma. Primeiramente, com uma introdução pontilhista, cedendo passagem a citações de fragmentos melódicos da canção para, em seguida, criar um embalo de um groove. Antes de retomarmos, houve reflexões sobre a finalidade da música experimental. Fernando ressaltou a preocupação de “criar um chão”, uma aproximação de reconhecimento com o público, mesmo se tratando de música experimental (houve concordância por parte de Maurício); Eufrásia demonstrou perfeito conhecimento do que se trata uma música de tal gênero, dizendo que não é algo que tenha um refrão chiclete, porque sempre há o elemento do inesperado. Fernando concordou que é no inesperado que mora a “magia do negócio”. E eis que Maurício resolveu migrar do baixolão para o piano elétrico – aí, eu percebi que ele se soltou criativamente. E percebi que, também, Eufrásia se sentiu mais confortável com a referência auditiva fornecida pelo piano, criando ainda mais, soltando-se, sobretudo, nos maiores símbolos de Caymmi: “lagoa escura, areia branca”. Decididamente, o piano de Maurício teve um protagonismo decisivo, combinado com o embalo rítmico da bateria de Fernando e com Eufrásia assumindo também o chocalho, além do vocal. E, ao final, uma primeira versão da peça “A Nova Lenda do Abaeté”, cujo título aqui preferi como “Lagoa Escura, Areia Branca”, foi criada estabelecendo entre nós cinco seções: introdução pontilhista (1), que é sucedida por uma massa sonora (2), depois pela criação livre rítmico-melódica a partir de trechos da canção de Caymmi (3), com momentos de maior atividade tanto coletiva, quanto individual (4), e um encerramento de retorno a um pontilhismo, mas com maior presença e desagregação (5)".

credits

released November 11, 2023

RECREAÇÃO (26:22)
George Christian - guitarra elétrica
Yrlan Guedes - saxofone tenor, baixo elétrico, percussão, piano elétrico
Maurício Lourenço - piano elétrico
Fernando Fernandes - bateria

LAGOA ESCURA, AREIA BRANCA (33:05)
George Christian - violão elétrico, flauta
Maurício Lourenço - piano elétrico
Fernando Fernandes - bateria
Eufrásia Neres - vocais

Gravações realizadas em 10 e 18 de janeiro de 2023
na Escola de Música da UFBA, Sala Walter Smetak.
Criações musicais coletivas da Afluentes Ensemble.
Produzido e gravado por George Christian.

license

about

George Christian / GC Sound Artifacts image

George Christian / GC Sound Artifacts Salvador, Brazil

Guitarist, singer and songwriter George
Christian is a musician with a prolific activity in the field of independent online music, with the electric guitar as his main instrument in several instrumental explorations.

GC Sound Artifacts is a personal label created by the composer George Christian in 2010 and a household name for his productions. ... more