1. |
Auroras do Exílio III
05:55
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auroras do exílio (sucessivas surras)
andamos e escalamos formigueiros
como se ainda estivéssemos insetos
os passos voam tão distantes de tudo
que, sem saber, revoam névoas inquietos
não há virgens, cafetões ou prostitutas
para arrastar um andar incerto
e indeciso de tanto receber
sucessivas surras dos ventos
destroem-nos com dinheiro e lábias
retorcidas de tanto engolirem subornos
amanhecem-nos para estupros diários
só para amedrontar rostos no lodo
querem milhas e milhas do alcance
de nossos olhos tratando-nos como tolos
por estarmos cegos de tanto receber
sucessivas surras dos ventos
o sol cegou-nos a fé e a faca
só para obtermos orgulho divino
a chuva molhou-nos as cinzas dos tempos
em que morríamos por estarmos vivos
e a noite surtou-nos os sensos
por medidas de segurança e o circo
se fez com inúmeros palhaços ao receber
sucessivas surras dos ventos
ensangüentados somos iguais uns aos outros
por sucessivas surras dos ventos dos deuses e dos demônios
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2. |
Batuquesinequanon
05:28
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3. |
Livre
08:57
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livre
entre as chuvas dos bairros
sobre os muros as pichações
dos aluviões
a moita tem tom sépio
traços grosseiros esperam os ônibus
eles estão vivos
o céu é igual em qualquer local
o dia acabou e eu aqui estou
tentando me esquecer
livre
bebe os sucos o vazio
de todos os anúncios e todos os preços
desde o berço
não começo
não cresço
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4. |
Regresso
04:06
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Regresso
Todos os anjos que se avizinharam às minhas sombras partiram em mim as idéias de regresso
De nada adianta
Aos sonâmbulos olhos serei insone
Viverei casas de projetos sem passado
Tossirei o não-dito
Não pelo empoeirado
Mas pelo amanhecido após a chuva de um jardim
Cedo ou tarde
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5. |
Memoria in Albis
07:57
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memoria in albis
sol a pino, sombras emergem
em forma de galhos ressequidos.
ao céu, talvez ao sol, se convergem
tentando agarrar o que restam dos rostos caídos
REFRÃO
veem os ossos do ofício
que vêm para o desperdício
em vagas que lhes sugam vagas
pálidos os olhos devotos em rostos
rasgando-se em névoas, implorando primaveras
brumas surgem urgindo-lhes,
veem-se eles impostos pelas internas quimeras
(REFRÃO)
em eternos retornos,
memoria in albis
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6. |
Marcapastros
10:11
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marcapastros
clarão de metais nos giros de (oce)anos no sangue das ostras
naufrágio de estrelas
sujeiras em suspenso incensos inquiridores (investígios: )
o que há de se pensar na arte no abraço dos fra(s)cos
fatos enfados fados enfados
(?)
sortilégios incertos
fardos
desvent-
suturas inflamáveis de vapores
corcéis indomáveis physistéreis
vertigens em cicatrizes
a (re)pulsação trôpega não foi feita para as pistas, (acrofobias)
muito menos para os caminhondulados crescimentos
de quedas
seus cabelos
meus toques rupedestres
na queima do ferruginoso óleo
devotos
direitos de escolhas
na alquimia dos motivos que compõem o paraíso nos
(adornos de) outros,
danças dos pássaros-trovão e
danações e perigos de
IDEALÍSIOS
ventos do retorno, porém sem a hipérbole dos prantos
fantasmáticos e palhasnos e malabarisos e mortos-portos e
o OCO arrebol
que tinge a pele preciociosa
não se insere papel-moenda...
a senda na senha
de socorros:
solidariedades (ao)
regenerar renegados (nas calamidades)
degredos segredos suspensos centeios
centelhas de sopros-vultos alheios gafanhotos
na projeção de um lar nos campos concentrações
há penas para o desabrigo resfôlego de chuvas
o indiferente desconforto sem
mantos nos antros
mantras nos cantos
manes nos santos
cultivivos
antes do Verbo devolverevolverevoltos
(devolverevolverepousos)
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7. |
Incognitangelus
14:16
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8. |
Sorriso do Sul
09:31
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sorriso do sul
você roeu a mosca daquele almoço
com o seu sorriso do sul.
o asco com o qual ela foi mordida fez(-me) engolir o osso
do sopro cardíaco de sangue azul
e lábios lâmina de barbear.
onde a ponta de sensatez atingiu aquele infarto?
estamos em março e ainda haverá o ocaso
farfalhando o ser de todo lugar (com o seu sorriso do sul)
é certo que eu esteja assistindo risos,
mas você, sorriso do sul,
traumatiza os pés da caminhada de escaras de turismo
paciente terminal de parecer nenhum
silêncio que queima ostras
tocha humana do despejo de largada... a farsa
de seu espelho côncavo retroflexiona linguásas,
paisagem forasteira, boiada solta... e o seu sorriso do sul?
o nevoeiro encoraja os seus olhares,
e você ri com seu sorriso do sul
ao lembrar do canto das cigarras em naves da fertilidade;
galáxias moveram a fecundação-tempo
ao lançar satélites, contatos de densos sóis,
madrugadas nuns lances de sinuca, eis o universo
constelado ao alto e imerso e disperso
até o negrume percevejo de lençóis em seus sorrisos do sul.
e não há mais nada a fazer a não ser sorrir?
o que mais espelha nos dentes do sul?
talvez a vida da morte e a morte da vida ao se despedir
e partir para outra jornada de cidadão comum
em desemprego de fusos horários
desfruto de espaços nos domínios uterinos ao léu
maremotos despertos onde já não há mais céu
cumprindo destinos de todo oráculo com seu sorriso do sul
(aterrissado em lugar algum)
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George Christian / GC Sound Artifacts Salvador, Brazil
Guitarist, singer and songwriter George
Christian is a musician with a prolific activity in the field of independent
online music, with the electric guitar as his main instrument in several instrumental explorations.
GC Sound Artifacts is a personal label created by the composer George Christian in 2010 and a household name for his productions.
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