Vídeo estreado no F(r)esta Festival de Improvisação:
www.youtube.com/watch?v=hxutSlL59-g
VÍDEOS INCLUÍDOS COMO BÔNUS
"Perguntas na Penumbra" foi idealizado para ser uma vídeo-performance que, ao final, é uma suíte em dois movimentos, um acústico e outro elétrico. A ideia de ter Paulo Roberto Pitta foi-me dada por Flávia Goa, organizadora do F(r)esta Festival de Improvisação, o que me foi de muito agrado, pois já vinha conversando vez ou outra com o próprio Pitta sobre uma colaboração nossa. E a temática veio a partir destas circunstâncias em que estamos, numa penumbra de incertezas quanto a nosso destino diante de uma pandemia e de um descaso governamental. Mas a música aqui pretende transcender a topicalidade, e o que se vê é um resultado conversacional entre dois músicos-instrumentistas e improvisadores que não pretendem lançar respostas, mas perguntas que nem precisam necessariamente de uma resposta. O que vale é o processo.
Através de conversas que Paulo Pitta e eu tivemos pelo Whatsapp, pudemos nos organizar para que "Perguntas na Penumbra" pudesse ser realizado. Lancei a primeira base, que é o violão elétrico ouvido no primeiro movimento, ao qual é "respondido" pelo sax tenor de Pitta. Nota-se que Pitta não está com fones de ouvido para "responder" ao meu violão, executando acusticamente, ao passo que eu estou com fone porque estava gravando o meu violão ao computador, amplificado pelo Amplitube. Pedi para que Pitta contornasse o obstáculo técnico que ele estava tendo com o fone dele através do que ele memorizava após ouvir o meu violão por diversas vezes. E o resultado acabou me surpreendendo muito positivamente com esta gravação sem overdubs.
Já no segundo movimento, Pitta deu a base com o seu sintetizador Korg para que eu "respondesse" com a minha guitarra preparada, afinada microtonalmente (não lembro exatamente qual foi esta afinação, mas posso confirmar que a nota si está na 2a, 5a e 6a cordas, em diferentes oitavas). Nela, usei slide, chave-de-fenda, hachi e chave-de-boca como arco. Não se espera que uma guitarra preparada atue de maneira tonal e perfeitamente alinhada com linhas melódicas sintetizadas, afinadas eletronicamente, mesmo com seus bends. Todavia, ouvi o sintetizador atuando contrastivamente, complementando sem me preocupar em reiterar linhas e explorando o que quis explorar na guitarra preparada.
E, no vídeo, a partir de nossa improvisação atuada em nossos instrumentos de domínio, o vídeo se concebeu. As luzes são contrastivas em cada movimento, de modo a conceber um Yin-Yang para a percepção de quem assistir. Não somente as luzes, mas também as emulações de dissociações de efeitos visuais e a espacialidade do estéreo nas gravações sonoras são contrastantes. Optei por uma abordagem visual mais purista com as imagens de Pitta, ao passo que nas minhas fiz explorações de recursos de edição visual. Enfim, são 4 longos planos-sequência, em pares de dois (num processo semelhante ao de "Chelsea Girls" de Andy Warhol e Paul Morrissey), mas com outros contornos e outra temática.